Denise adorava postar tudo sobre todos que via. Ela achava aquilo divertido, engraçado. Não pensava um segundo sobre os outros e o quanto aquilo lhes prejudicava. Era sua vida que estava sendo espalhada pelas redes sociais. Só Denise sabia se as pessoas criticavam ou gostavam daquilo, um sério problema para a reputação da pessoa que foi, basicamente, a vítima da história. Denise não parava. Postava, comentava, falava. Era seu lazer. Ela já estava chegando no shopping. Como ela sabia o quanto as pessoas se importavam com qual pé se deve entrar em um local, ela pôs logo seu pé direito para não ser alvo de fofocas. Tirou seu celular da bolsa para bater uma selfie na loja de roupas, mas um vulto- aparentemente uma mulher- passou pegando seu celular e levando para o parque. Ela logo sumiu.
- Ei! Saiba que isso não tem graça- gritou Denise- Me devolve isso, seu...Você sabe quanto isso custa? Se quer um, compre o próprio! Não foge, que eu vou chamar a pol...- ela nem terminou por que sabia que seu celular havia sido roubado, e o shopping não tinha guardas- Já era. Depois eu compro outro.
Ela seguiu no shopping, meio sem - graça, pior do que nunca esteve. Mas o pior ainda estava por vir.
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No dia seguinte, ela acordou triste. Ela amava seu celular, mais do que a própria vida. Andou zangada e querendo esmagar aquela garota, ladra, assassina. Ela xingava na própria cabeça os piores nomes de todos. O portão da escola já estava aberto, o que a deixou meio preocupada sobre os roubos que andam acontecendo e que poderiam estar na sua escola, mas era que o vigia foi no banheiro. Ela mesma fechou o portão. Era aula de educação física e, quando a pausa chegou, ela sentou em um banco. Imaginou um celular, e moveu os dedos como se estivessem teclando nele. Tirou uma foto de mentira e mandou para todos os seus amigos. A sua direita, estava Mônica, que não cansava de olhar para Denise. Quando ela notou, guardou seu celular imaginário no bolso, olhou para ela e a perguntou o que estava acontecendo. Mônica levantou sua mão. Denise estranhou. A mão de Mônica fez um leve movimento até chegar a 1 centímetro do rosto de Denise. Então, ela usou toda a sua força e lhe deu um tapa no rosto.
- Como assim, o que aconteceu? Não lembra da sua postagem dizendo que quando eu fui na praia os pescadores pensaram que eu era uma baleia e me prenderam numa rede pra me levar de volta pro mar? Você nunca fez isso comigo. Se sempre me achou assim, por favor, me elimine do seu círculo de amizade, por que, do meu, você já está fora!
Denise não entendeu nada. Seu celular havia sido roubado e, agora, ela achava a Mônica muito magra e bonita, então, jamais postaria algo assim. Nenhum bandido do mundo usava celular para fazer coisas, segundo ela, e sim para vender. E, principalmente, não conhecia os amigos de Denise. Poderia ter visto no Facebook, mas jamais saberia da fase que a Mônica era mais cheia. Ela logo viu Carmem e se fez de coitadinha:
- Oi, Carminha, migona do coração, me ajuda? Aquela malvada da Mônica me bateu. Tô dodói. Me ajuda?
Carmem não disse uma palavra e tirou seu smarthphone da bolsa rosa. Mostrou uma postagem de Denise escrita com as seguintes palavras: Ontem, li um livro de riqueza, e vi uma frase que eu conhecia a muito tempo e era fã. Dinheiro não traz felicidade. Só traz aquela bolsa rosa que combina com a minha roupa. #TomaCarmem. #FelicidadenãoéRiqueza.
- Oi, migona do coração. Leu? Viu? Se esqueceu que nós tivemos uma séria conversa que essa frase era dita só para os pobres que não tem noção do que é riqueza e di que é felicidade, a mesma coisa. Eu ia te pedir pra queimar esse livro se fosse sua amiga, mas...- ela pegou seu caderno com os nomes de seus amigos. Lá estava o nome de Denise, no alto, e foi recortado cuidadosamente. Carmem pegou e rasgou. Logo, só havia caquinhos na sai de Denise, que teve que limpar- Passar bem.
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Porém, o que Carmem disse não adiantou de nada. Os seus últimos dias foram péssimos. Toda vez, mais amigos da escola falavam sobre postagens de Denise acabavam com a amizade. Não só da escola, com Franja também leu uma postagem dizendo que seus inventos não prestavam. Ela não estava fazendo isso. Ela era acusada sobre coisas que não fez. No dia que o último da escola a deixou, ela ficou sem amigos. Voltou para casa e afirmou que não queria voltar para a escola nem morta. Seus pais logo estranharam as atitudes da filha. Comer devagar, parar de assistir televisão, não sair mais de casa. Eles, um dia, se reuniram na sala de jantar. Começou com a mãe de Denise:
- Denise, embora não seja agradável para você, estamos gostando o quanto vem se comportando nos últimos dias. Talvez nós mudamos até seu nome. Eu lamento que tenha perdido os amigos, mas eu preciso saber de uma coisa importante: As acusações deles são verdadeiras?
Denise balançou a cabeça tristemente e afirmou que seu celular havia sido realmente roubado e que ela jamais postaria coisas tão terríveis sobre seus melhores amigos. Seu pai pensou em mudar ela de escola, mas nenhuma tinha vagas no meio do ano.
- Mas não tem escola para você. Se é assim, você terá de assistir aulas virtuais. Denise concordou com a idéia, mas sua mãe questionou que ela não receberia todas as aulas fornecidas na escola. Seu pai disse que era só durante o último período, para que no ano seguinte ela já estivesse em outra escola. A mãe, enfim, concordou e Denise teve de fazer todas as tarefas de seu livro e assistir as aulas virtuais. Mas ela ainda não tinha se livrado do perigo.
CONTINUA...
NA PRÓXIMA EDIÇÃO...
Denise vê coisas fora do normal em suas aulas virtuais e descobre quem está por trás disso.
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